A segurança dos alimentos é uma prioridade desde os primórdios da civilização, com governantes sempre buscando garantir cadeias de suprimento de alimentos satisfatórias para a população. Aliás, as primeiras regulamentações surgiram como resposta à necessidade de proteger os consumidores contra adulterações e falsificações, problemas presentes já nas antigas civilizações.
Com a Revolução Industrial, a produção de alimentos passou a ser feita também em larga escala, o que trouxe novos desafios, principalmente para a saúde pública, devido às condições precárias de higiene e à baixa qualidade de ingredientes e processos.
Para resolver essa situação, as autoridades estabeleceram instituições de controle e pesquisa, além de uma infraestrutura laboratorial.
Ciência dos alimentos: um pilar da segurança e qualidade
O desenvolvimento das ciências, especialmente a partir da segunda metade do século XIX, foi muito importante para a melhoria da qualidade e segurança dos alimentos.
Foi nesse momento que surgiu a ciência dos alimentos, um campo multidisciplinar capaz de estudar diversos aspectos dos alimentos, desde suas propriedades físico-químicas e microbiológicas até questões de nutrição, sensorialidade, logística, legislações e gestão da qualidade.
A microbiologia de alimentos estuda os microrganismos que habitam e contaminam os alimentos. Embora alguns microrganismos sejam prejudiciais, causando deterioração e doenças, outros são benéficos e utilizados na produção de alimentos como queijos, conservas de vegetais em vinagre (picles), pão e vinho. Desde as descobertas de Louis Pasteur no século XIX, essa área científica evoluiu significativamente, contribuindo para a identificação de agentes patogênicos e o desenvolvimento de medidas de controle.
A química dos alimentos estuda a composição dos alimentos e suas alterações químicas durante o processamento e armazenamento, além dos compostos introduzidos de forma intencional ou acidental. Desde os estudos pioneiros de Lavoisier no século XVIII, incluindo os avanços em análises químicas nas décadas de 1970 e 1980, métodos mais precisos, práticos e confiáveis têm aprimorado a qualidade nutricional e a segurança dos produtos alimentícios.
A toxicologia de alimentos foca nos efeitos adversos dos agentes químicos presentes nos alimentos, sejam eles contaminantes ou aditivos, como conservantes e flavorizantes. A toxicologia moderna, consolidada no século XIX, é essencial para estabelecer parâmetros seguros para o consumo de alimentos, protegendo a saúde pública.
A nanotecnologia em alimentos trabalha em escala nanométrica, ou seja, em dimensões de átomos ou moléculas, e tem revolucionado a cadeia produtiva, sendo aplicada em processos, embalagens e logística. Embora existam desafios regulatórios, são enormes as possibilidades de desenvolvimento de novos ingredientes e geração de benefícios aos consumidores.
A biotecnologia de alimentos envolve a utilização de organismos vivos ou partes deles para produzir bens e serviços. A biotecnologia moderna, impulsionada pela tecnologia do DNA recombinante, possibilitou maior precisão nas alterações genéticas, acelerando resultados e reduzindo custos.
A nutrição estuda os nutrientes e o desempenho dos alimentos no organismo humano. Desde as primeiras descobertas sobre a combustão dos alimentos até o desenvolvimento de áreas como a nutrigenômica (ciência que estuda a relação entre DNA, alimentação e saúde), a nutrição evoluiu, tornando-se uma ciência central na promoção da saúde e prevenção de doenças.
Um futuro de inovação e sustentabilidade
À medida que surgem novas tecnologias, a ciência dos alimentos também se expande, aproveitando todas as oportunidades para evoluir.
Questões como sustentabilidade, mudanças climáticas, segurança dos alimentos e nutrição personalizada estão no centro das pesquisas atuais, que utilizam tecnologias cada vez mais avançadas para encontrar soluções eficientes.
A conscientização dos consumidores sobre a relação entre alimentação, nutrição e meio ambiente também tem impulsionado maiores investimentos públicos e privados em pesquisa, desenvolvimento e inovação de alimentos, bebidas, ingredientes e embalagem com esse foco.
Assim, a ciência dos alimentos não só desempenha um papel extremamente importante na segurança e qualidade da alimentação humana como também na construção de um futuro mais sustentável e saudável para todos.